Risco Operacional Corporativo. Pense nisso!

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No mundo das finanças, nem sempre a notoriedade é sinônimo de sucesso absoluto. Que o diga Nick Leeson, 43, investidor que conseguiu quebrar – sozinho! – o Barings Bank, o mais antigo banco de investimentos da Inglaterra, em 1995. Diferente do que foi apresentado até agora pela série Protagonistas da Bolsa, sua história mostra o lado negro das especulações no mercado financeiro e serve com CASE sobre o que não fazer quando o assunto é bolsa de valores.

A ascensão de Leeson no mercado financeiro é fascinante, por si só. Contratado como operador comum na sede, em Londres, assumiu em pouco tempo a cadeira do Barings na bolsa de Cingapura, até então desativada. No cargo de operador de mercados futuros, coordenou operações especulativas e ajudou a gerar lucros da ordem de 10 milhões de libras, tudo isso em 1992.

Considerado um gênio das finanças aos 25 anos, Leeson não tinha nada de bobo. E assim como conhecia o caminho das pedras para o sucesso e o lucro, sabia que as falhas e perdas também eram comuns. O segredo era contar com a sorte, que, até então, estava a favor dele.

Sorte chinesa: Tudo começou, segundo o próprio Leeson em sua autobiografia, com o erro de uma de suas funcionárias, a jovem Kim. Nervosa com a gritaria no balcão de operações, ela teria causado um prejuízo de 20 mil libras ao Barings, após vender 20 contratos ao invés de comprá-los. 

Para ocultar a falha, Leeson criou uma conta de erro, estratégia comum para cobrir operações financeiras errôneas. A conta número 88888 (número de extrema sorte na numerologia chinesa) faria história, a partir dali. 

Leeson aproveitou a brecha e começou a encobrir as perdas financeiras de suas próprias operações mal sucedidas. Ele passou a acumular as funções de operador-chefe e operador comum, já que a administração do Barings estava absolutamente fascinada pelos elevados ganhos que o jovem financista conquistara e, para estimulá-lo ainda mais, ofereceu bônus milionários a cada aplicação de sucesso. 

Desde então, os riscos das especulações lhe pareceram cada vez mais aceitáveis, já que não precisava arcar com as possíveis perdas e desvios, muito bem escondidos na conta 88888. Por conta disso, as posições que ele assumia eram cada vez mais arriscadas. O fato é que quando ele perdia, encobria o prejuízo na conta de erro, que poderia ser a conta – no vermelho – de qualquer cliente. Mas a 88888 seria, mais tarde, a que decretaria a falência do Barings. 

Ruína :Enquanto Leeson ficava rico, as perdas da “conta da sorte” chegavam a dois milhões de libras em 1992, batendo em 210 milhões dois anos mais tarde. Até então, só ele sabia dos prejuízos. Cobri-los tornou-se uma obsessão. A solução? Arriscar, especular, agir.

Mas a sorte nem sempre estava a seu favor e foi em 1995 que o chão começou a ruir, literalmente. Em mais uma jogada arriscada, Lesson abriu uma operação no Japão, apostando que a tendência de alta das bolsas asiáticas se manteria até o dia seguinte. Mas um terremoto de 7,3 graus de magnitude atrapalhou os planos: varreu a cidade de Kobe e derrubou as bolsas de toda a região num só dia. 

A aposta errada aumentou ainda mais o prejuízo, mas a estratégia não podia parar. Dias depois, Leeson emplacou uma nova operação, que envolvia mais de 20 mil contratos e visava à rápida recuperação do índice Nikkei 225. Ela não veio e as perdas registradas na conta 88888 chegaram a US$ 1,3 bilhão. 

Não tinha mais jeito: os gestores do Barings descobriram a fraude e o valor das perdas superava todo o capital e reservas do banco. A única saída foi a insolvência da instituição de 235 anos, assumida em fevereiro de 1995 pelo banco holandês ING, pela simbólica quantia de 1 libra. 

Em fuga, Leeson rodou por Malásia e Tailândia até ser capturado um mês mais tarde em Frankfurt e extraditado para Cingapura. Foi condenado e a seis anos e meio de prisão e solto em 1999 por bom comportamento. 

Entrando para a História: A trajetória do operador, que passou de gênio a exemplo negativo no mercado financeiro e acabou dirigente de futebol, está longe de ser considerada convencional, dadas tantas façanhas e artimanhas. 

Nascido em Watford, nos subúrbios de Londres, teve o primeiro emprego no Coutts Bank, passou por outras instituições financeiras do país e chegou ao Barings na década de 1990, ainda jovem. Ali, faria carreira e – muito – dinheiro. E provaria, de maneira meteórica, glória e ruína. 

Na prisão, escreveu sua autobiografia, “Rogue Trader” (no Brasil, “A história do homem que quebrou o Banco Barings”), publicada em 1996. À época, a crítica do New York Times dizia que ele “(…) deveria ser lido por banqueiros e auditores de todo o planeta”.

Leeson hoje: Leeson vive em Barna, oeste da Irlanda. Lisa, a mulher com quem era casado durante seus anos como operador em Cingapura, pediu divórcio e se casou novamente. O Barings foi comprado pelo banco holandês ING pela simbólica quantia de £1.

Sua história também deu origem ao longa “A Fraude”, de 1999, com Ewan McGregor no papel de Leeson. O ex-operador.

ANALISANDO O CONTEXTO: Todos os processos devem ter controle segregado por gestores. Uma das falhas foi o estratégico controlar todas as operações da inglaterra. Outra evidência foi a auditoria que pelos fatos não fez uma analise criteriosa.

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